SINOPSE: Durante a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais populares de nosso folclore.Com o passar dos séculos, o horror de mitos assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em “O Escravo de Capela”, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos. Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte. Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida repleta de surpresas e reviravoltas.
RESENHA
“Quando a morte é apenas o começo para algo assustador”
Essa é a frase que temos
na capa do livro, e acredito que nada poderia descrever melhor a sensação que
tive ao e deparar com a narrativa de Marcos.
Eu não sei o que esperava
de O Escravo de Capela até realmente começar a lê-lo. Temos neste livro uma
descrição intensa, sangrenta e real do que era a época escravista no Brasil.
“Tendo as costas do escravo como tela, o feitor pincelava de vermelho o seu escárnio. Naquela aquarela abstrata de sangue e suor, a dor encontrava bem o seu contorno.”
A Fazenda de Capela abriga
a família Cunha Vasconcelos, escravagista, produtores de cana, senhores de
engenho. A vida dos escravos de Capela não é fácil. Comandados por um feitor
bruto, que preza mais a violência e o sadismo que a própria fazenda os escravos
de capela se vêem submetidos a uma rotina de terror.
Quando uma nova leva de
escravos chega à fazenda um negro não deseja se submeter, tudo que ele quer é
liberdade, e induzido por um velho escravo aleijado acaba encontrando um
destino terrível, pior do que a mais insana mente poderia imaginar.
“O defunto do escravo estava de pé sob a ombreira e, como a mula, também ostentava um físico mais agressivo. Antes baixo e malnutrido, o negro agora era corpulento e ameaçador, como uma criatura que acabara de abandonar os tormentos do inferno. Mas era no rosto que o terror despachava sua epistola. Mesmo coberto com o pano encarnado pelo próprio sangue que vertera até a morte, a boca estava livre para expor os afiados dentes amarelados. E entre os buracos da trama de algodão podia-se notar a intenção da carnificina nos olhos opacos cavados no interior do crânio.”
Enquanto um dos filhos da
fazenda é um bruto feitor o outro é um médico, tocado pela febre abolicionista
e dotado de compaixão e ao retornar a sua casa se depara com a brutalidade do
irmão, e com as belezas de uma jovem mulata que o enfeitiça e se deixa
enfeitiçar. Dividido entre a paixão e a obediência a seu pai ele se vê em um
dura encruzilhada.
Eu realmente me
surpreendi, espero que o spoiler não seja tão grande, mas nesse livro
conhecemos a origem do SACI, um ser levado ao extremo pela sede de vingança,
uma história brutal e sangrenta.
Me senti tomada por um
sentimento estranho ao ver a historia de Sabola, e de tantos outros
retratadas neste livro, sabemos o que
aconteceu na época mais dura da humanidade, a escravidão é uma cicatriz que
ainda sangra e que nunca será curada, e o livro de Marcos, o Escravo de Capela
abre ainda mais esta ferida, trazendo uma dura, mas necessária, visão do tanto
que o povo sofreu nas mãos de escravocratas, feitores, e tantos mais.
É realmente difícil
descrever em palavras o tanto que me impressionei com este livro, maravilhoso e
soberbamente estonteante.
Recomendo este livro para
qualquer um que queira desbravar um pouco mais da nossa mitologia e que goste
de vivenciar um terror diferente de tudo que já sentiu.
“Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação pelos anos sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador.”
Este livro é o primeiro da
parceria com a Editora Faro e tenho que dizer que fico imensamente feliz de ter
começado com o pé direito!
Não poderia deixar de comentar sobre o ótimo trabalho editorial, o livro está lindo, com os detalhes laterais das folhas em vermelho e as folhas grossas que tornam a leitura agradável.
MINHA NOTA
FICHA TÉCNICA
Autor: Marcos DeBrito
N° de Páginas: 288
Skoob: O Escravo de Capela
Editora: Faro Editorial
O livro está maravilhoso mesmo. Estou louco pra ler o meu. Adorei tua resenha! #)
ResponderExcluirAdorei a resenha! Louca para ler.
ResponderExcluirPaty, tudo bem?
ResponderExcluirEstou lendo o Escravo de Capela e adorando! Eita narrativa que prende, não é?
Beijo
Prende Muito Kris! Livro maravilhoso!
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